O tanque que algumas bromélias desenvolvem no imbricamento de suas folhas não é uma poça d'água. ela é sim, um poço de vida. A diferença é que uma poça d'água (pratinhos, pneus, garrafas e plásticos), ainda que possa abrigar ocasionalmente algumas formas de vida, é uma água parada, um ambiente inerte.
O tanque da bromélia, contudo, é uma estrutura vital da planta e assim como os intestinos dos animais, abriga muitas formas de vida, das quais ela depende para se nutrir e sobreviver.
A poça d'água
Armazenada ao acaso, a água da chuva passa a ser rapidamente colonizada pelos organismos menos especializados. Em ecologia, chama-se isso eutroficação. A partir de alguns poucos nutrientes, surgem determinadas algas e bactérias (poucas espécies, alguma quantidade). Em poucos dias, aparecem as larvas dos mosquitos, entre eles, o aedes aegypti. Essa fase dura pouco. A água se turvará, se não chover, ou secará.
O tanque da bromélia
As bromélias tanque-dependentes começam a guardar água antes de seu primeiro ano de vida. Essa água , protegida pelo ambiente das folhas, se transforma num pequeno, mas rico ecossistema em muito pouco tempo. Pouca água se evapora daí, muita é continuamente absorvida pela planta, suprindo-a com nutrientes e evaporando pela superfície da folha. A sucessão de formas de vida é muito intensa e o resultado é uma calda repleta de organismos (muitas espécies, grande quantidade) que competem entre si, numa cruenta interdependência ecológica.
O aedes aegypti
Muitos colecionadores ficaram alvoroçados com a ameaça do dengue e passaram a monitorar de forma obsessiva suas plantas. O resultado foi surpreendente> Praticamente não foram encontradas larvas de aedes aegypti. Mesmo aqueles que não aplicavam inseticidas, não encontravam larvas do aedes aegypti em suas plantas. Coleções grandes e, especialmente aquelas situadas próximo às florestas, não acusavam a presença do mosquito e, quando eram encontradas larvas, pertenciam a mosquitos dos gêneros culex e anopheles , nativos de nossa fauna.
Conclusão
Habitado por um vigoroso pool de formas nativas de vida e sujeito à constante substituição biológica de suas águas, o poço de vida das bromélias não é criadouro adequado para o aedes aegypti, um mosquito exótico. As águas paradas das poças (pratinhos, pneus, vidros e garrafas), com ecologia mais pobre, são o local ideal para a proliferação do mosquito do dengue.
Fonte de pesquisa: Sociedade Brasileira de Bromélias