terça-feira, 10 de março de 2009

TRABALHO APRESENTADO PARA A OBTENÇÃO DE TÍTULO DE ESPECIALISTA EM PAISAGISMO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - AGOSTO DE 2008

RESUMO
Essa comunicação tem por objetivo apresentar um estudo em que se analisa a influência do paisagismo no conforto ambiental térmico, acústico e visual em ambientes externos. De acordo com os dados levantados na pesquisa que será apresentada, é possível afirmar que a vegetação tem de fato um papel preponderante na atenuação da radiação solar incidente e na obtenção de um microclima, que proporciona maiores condições de conforto térmico. Além de absorver o calor, a vegetação age também na absorção de ruídos, atenua o sentimento de opressão e de distúrbios, porque aprimora o senso estético e tranquiliza e harmoniza o ambiente. A possibilidade de se criarem ambientes externos ecológicos e ergonômicos, por meio da preservação e da criação de áreas verdes, é primordial para o bem-estar humano. O presente trabalho utilizou como estudo de caso o paisagismo implantado em uma empresa na cidade de Nova Lima, localizada no Estado de Minas Gerais.
Nessa empresa, foi possível observar os benefícios proporcionados por um planejamento minucioso da aplicação do paisagismo em sua área externa, a fim de proporcionar maior conforto ambiental para os trabalhadores e para os clientes que frequentam o local. O conforto ambiental em áreas abertas, utilizando o paisagismo, ainda é pouco estudado, em relação ao conforto no interior dos edifícios, que tem sido objeto de um número maior de estudos. Isso se deve ao fato de que o espaço aberto é muito mais incontrolável e imprevisível do que uma sala, por exemplo. Essa discussão ainda é incipiente. A preocupação, quando existe, está direcionada para o conforto no interior de edifícios. Por isso, podemos considerar como inovação os estudos realizados para o conforto no espaço externo; no mercado, esses estudos parecem ser algo inédito. A questão das áreas verdes, principalmente em áreas externas, contribui para a melhoria da qualidade do ambiente e, consequentemente, para uma melhor qualidade da vida, porque, além de levar em conta o caráter biofísico (como um sistema de sustentação da vida), a questão das áreas verdes busca um dimensionamento físico mais real e uma interação do meio urbanizado com o meio natural.
Atenuação térmica
A ausência de vegetação, aliada a materiais que são utilizados sem planejamento prévio, tem alterado significativamente o clima dos agrupamentos urbanos, devido à incidência direta da radiação solar nas construções. Como consequência desse fenômeno, que tem transformado as cidades em verdadeiras estufas, o consumo de energia para resfriamento de interiores vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Rivero (1986) afirma que a vegetação absorve 90% da radiação visível e 60% da infravermelha, sendo o restante transmitido entre as folhas ou refletido. Como efeitos particulares causados pela vegetação, podem ser citados o umedecimento do ar através da emissão de vapor d’água pelas folhas, a proteção contra ventos fortes, o efeito acústico sobre os ambientes e a dosagem das radiações de curto e grande comprimento de onda (IZARD e GUIYOT, 1983).
Atenuação sonora
A atenuação sonora proporcionada com o auxílio do paisagismo é algo cuja eficácia ainda está em estudo. Mas há de fato uma redução nos níveis sonoros, quando o som passa por uma barreira vegetal. O balanço das folhas provocado pelo som reflete a transformação das ondas sonoras em energia cinética, reduzindo, assim, os níveis sonoros do ambiente. Entretanto, torna-se necessário estudar o quanto isso é eficaz para diminuir os barulhos urbanos, que são um grande problema na atualidade.
Com a preocupação recente em torno da poluição sonora, a construção de barreiras de vegetação tem encontrado aplicação satisfatória e mais imediata. A formação florestal de isolamento acústico vem ganhando aceitação no mundo inteiro, sobretudo pelos aspectos ecológico, estético paisagístico e salutar que apresenta.
Formas de atenuação sonora – estudo de caso da implantação do paisagismo autossustentável em empresa de Minas Gerais
O tratamento ambiental acústico pode ser efetivado com o uso de barreiras acústicas naturais. De acordo com estudo realizado pelo DNIT, níveis de ruídos contínuos acima de 90 dB (A) têm efeitos maléficos ao desempenho de várias atividades humanas, reduzindo a sua performance, assim como são a causa de várias doenças do sistema nervoso auditivo. Essas doenças são uma resposta ao stress, que, combinado com outras causas, poderá gerar a perda da audição.Para se analisar a eficácia da redução acústica, utilizando o paisagismo como barreira vegetal, tomou-se como exemplo o paisagismo da área externa de uma empresa situada às margens da BR 040, na cidade de Nova Lima, em Minas Gerais.
O projeto paisagístico foi desenvolvido, considerando a necessidade da diminuição dos ruídos. Para isso, foi feito um estudo prévio e o planejamento da utilização de massas de vegetação como uma das alternativas para a absorção da poluição sonora, proveniente do fluxo constante e do tráfego pesado de veículos de carga que trafegam pela BR. Além disso, o paisagismo visou também proporcionar o contato dos funcionários e clientes com a natureza, levando-se em conta a criação de áreas de descanso, geradoras de conforto e satisfação.
A pesquisa a ser apresentada nessa comunicação nos permitiu verificar que o paisagismo bem planejado e bem empregado em áreas externas, além de contribuir de forma significativa na estética dessas áreas, o que já era um fato conhecido, contribui muito para a obtenção do conforto ambiental. Isso porque o paisagismo melhora o conforto térmico desses ambientes, atenuando o calor. O paisagismo é, de fato, um meio natural, ecologicamente correto e autossustentável de minimizar os problemas ambientais, que vêm causando muito desconforto principalmente para quem vive nas grandes cidades, onde o conforto ambiental tem se tornando cada vez mais uma premissa bastante importante para a obtenção de uma qualidade de vida melhor.


PAINEL APRESENTADO PARA CONCLUSÃO DA ESPECIALIZAÇÃO EM PAISAGISMO - AGOSTO 2008